top of page

Série: O que me impede de dizer sim ao celibato? #TestemunhoIrHelena

  • Daniela
  • 12 de set. de 2016
  • 4 min de leitura

Hoje vocês poderão ler um texto de uma pessoa que é mais que especial pra mim, ela já me ajudou e ainda ajuda muito em minha vocação. Apresento minha amiga e irmã Ir. Helena, ela é celibatária, e membro da Comunidade Dominus Salus, e vai partilhar com vocês um pouco das dificuldades já vividas da sua vocação e como foram superadas. Confira:




Minha amiga Daniela me pediu pra escrever sobre o celibato e as dificuldades encontradas para abraçar este estado de vida que tanta gente torce o nariz hoje em dia.


Bem, abracei o celibato já faz sete anos e neste tempo muita mudança já ocorreu em mim mesma. Mudei de opinião sobre o celibato uma dezena de vezes e hoje louvo a Deus por isso, porque percebo agora que Deus foi me permitindo um crescimento e uma maturidade maior sobre a opção de vida que havia feito.


Mas vamos lá, respondendo à pergunta, no meu caso, o que mais me impediu de abraçar o celibato de início foram as ilusões! Ilusões que eu carregava acerca do matrimônio e do próprio celibato. Sempre partilho isso com os jovens que encontro: eu fui criada, literalmente, para me casar e ser mãe! Não havia dentro de mim nenhuma possibilidade de pensar em outra coisa. Aprendi a cozinhar cedo e a cuidar da casa porque sabia que eu seria uma esposa e queria ser uma boa esposa.


Aí veio o chamado... Não vem ao caso contar todos os pormenores hoje, mas só pra vocês entenderem, foi quase um “MMA” com Deus! Briguei muito com Ele, chorei muito, me revoltei muito... Eu queria ser missionária, eu queria ser consagrada, eu queria viver em comunidade, mas porque tinha que ser celibatária? Depois de um tempo, acabei me rendendo à vontade de Deus e comecei a dar os passos necessários na vocação.

Em mim, depois de passada aquela euforia inicial do chamado de Deus, começaram a surgir as crises. Meu primeiro ano na Comunidade foi de lágrimas. Eu acordava todos os dias e pensava: “Deus, com tanta mulher no mundo, PORQUE EU devo ser celibatária?”. Foi a primeira grande crise: Culpar Deus porque minha vocação não era do jeito que eu queria. Enxergar o celibato como um peso impossível de se carregar.


Depois, o segundo ano foi marcado por outra crise. Nesta época, as coisas já haviam se assentado um pouco mais dentro de mim e como eu me sentia feliz vivendo em comunidade apesar do celibato, tomei outra postura. Eu não podia “cuspir no prato que comia”, certo? Então, foi o momento em que comecei a diminuir o sacramento do matrimônio. Afinal, se o celibato era tão bom, então o matrimônio era muito ruim. Falar em matrimônio me dava arrepios e era eu quem torcia o nariz endeusando o celibato como única fonte de santidade e alegria... Mas eu convivia com casais, com crianças e era todo o tempo aquele embate, sabe? Porque os casais também me pareciam felizes no estado de vida que viviam. Mas eu insistia em pensar que tudo aquilo era só fachada.


Por fim, com o tempo, Deus foi quebrando este coração de pedra (e ainda está!). Deixando que Ele adentrasse na minha história fui percebendo todas as ilusões que trazia sobre o matrimônio, aquela visão “Disney” de conto de fadas, príncipe encantado e pó de pirlimpimpim. E fui percebendo as ilusões que já havia criado em relação ao celibato, de que o celibatário é alguém que não sente mais nada, que não precisa de mais ninguém porque vive só com Deus... Meu Senhor foi quebrando tudo dentro de mim e minha vocação ganhou um novo brilho quando me dei conta de que, se Jesus era meu esposo e eu era sua esposa, então, tudo aquilo que eu gostaria de fazer para o meu esposo se tivesse me casado, eu poderia e deveria fazer por Jesus, o mais belo dos filhos dos homens (cf. Sl. 44,3)! Lavar, passar, cozinhar, varrer... Tudo passou a ser feito pra Jesus, não mais na teoria aqui dentro (porque somos formados para fazer tudo pra Jesus, com Jesus, em Jesus), mas na prática.


Ao longo destes sete anos, Deus curou-me muito. O celibato hoje é uma opção muito mais consciente e eu me alegro por poder ser para o mundo uma profecia do que seremos no céu. E me alegro também pelos meus irmãos que são casados ou que almejam o matrimônio. Eles nos testemunham o amor de Deus pela humanidade, um Deus que se entrega todo, que quer ser um conosco. Que riqueza, que beleza escondida existe em cada estado de vida. Gostaria de encerrar encorajando você, que lê este artigo e ainda não discerniu sua vocação, e mais especificadamente aos que sentem Deus os chamando ao celibato. Tenham coragem de deixar Jesus curar as feridas, de se libertar das ilusões e dos sonhos estéreis que carregam. Só sonhando os sonhos de Deus é que seremos inteiros. Deixemos de viver pela metade!


“Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda.” (Mt. 19,12)


Deus nos abençoe!


Ir. Helena Scarabelo – Comunidade Dominus Salus

(scarabelo.helena@gmail.com)


Comments


Deixe seu comentário:
Procure por Tags:

© 2016 por Comunidade Unidos por Cristo

bottom of page