Maternidade, do gerar ao dar a vida - Parte III
- Jaqueline
- 26 de ago. de 2016
- 5 min de leitura

E como em um passe de mágica a cegonha chega e com seu bico bate na janela do seu quarto, você meio sonolenta abre sem entender bem o que esta acontecendo, e se depara com uma linda ave de bico longo com uma trouxinha rosa ou azul e dentro dela um lindo bebê, limpinho, que você prontamente pega em seus braços o acolhe e se despede agradecidamente da dona cegonha toda feliz...
Só que não rsrsr, nem em nossos mais lindos sonhos, faz muito tempo que deixamos de acreditar em cegonha, e agora que o tão temido trabalho de parto se aproxima então, nada parece tão belo, tão lindo e tão perfeito como nós imaginávamos, a ansiedade começa a tomar conta, a pressão aumenta, todos a sua volta ficam dizendo que esse bebê esta demorando demais, te contam várias histórias de conhecidos da conhecida da vizinha da prima distante que passou da hora, e você começa a se preocupar, se você queria um parto normal já começa a ficar com dúvidas, fala dos seus medos com seu médico e ele prontamente te diz, vamos marcar uma cesárea, ainda é super amigo, fala que parcela, que aceita cheque sem consulta e tudo, se você não aceita essa proposta de primeira, ele vai logo dizendo, pode ser que eu não consiga atender o seu parto vou viajar, ou estarei de férias, ou se ainda assim você se mantém firme e assim que começa a sentir as primeiras dores, ou quando a bolsa rompe você imediatamente liga para ele que pede para você ir até o hospital e você assim que chega o encontra todo atencioso, porém sempre vem uma cara de há esta tudo bem, mais você esta perdendo muito líquido( no caso da bolsa que rompe) é preciso fazer cesárea, ou então o bebê esta com o cordão enrolado no pescoço, ou então tenho outro parto para atender não vou poder ficar aqui, ou seu bebê esta em sofrimento, seu bebê é grande demais blá blá blá, e você já em frangalhos, com medo, sem apoio do seu médico que te acompanhou por 9 longos meses e ainda sem informação, se rende a cesárea, e naquele momento aquele que era para ser profissional passa a ser um comerciante que faturou muito bem por apenas 30 minutos de trabalho, e aquele momento que você sonhou tanto, ansiou para ser perfeito passa a ser uma rotina mecânica, e você é tratada como uma maquina aberta em manutenção onde todos a sua volta estão falando do último capítulo da novela, do jogo de ontem e você ali vivendo o ápice da sua vida, quando o bebê nasce você mal o consegue ver, tocá-lo é impossível pois seus braços estão amarrado, o tiram de perto de você, e você fica ali sendo costurada, enquanto seu filho chorando é arrancado do seu jardim do Éden sem ser avisado, despreparado e muitas vezes é submetido a muitos procedimentos desnecessários, tratado como mais um, sem nenhum carinho, sem afeição, mais para você esse momento é único e deveria ser tratado como tal, pois esse bebê é único é o seu bebê, seu filho.

Bom infelizmente essa é a realidade do nosso país principalmente nas redes particulares, que a 99% dos partos tem toda a possibilidade de ser um parto normal e comum, mesmo com perda de líquido, bebê grande, circular envolta do pescoço tem tudo para ser normal mais que não acontece pois os profissionais pensam apenas no seu ganhar financeiro e não na saúde física, reprodutiva e emocional da mãe e do bebê. E tem aqueles casos em que a mulher nem pensa em tentar um parto normal, de cara ela já opta pela cesárea com hora e dia marcado, o que nos torna hoje o país com o maior índice de cesáreas do mundo, nas redes particulares é maior que 80%, o que será que nos falta, o que nos fez em menos de 50 anos mudar para uma realidade devastadora, a minha avó tem 85 anos e tem 6 filhos todos nascidos de parto normal com parteira e em casa, o que ela tem que difere das mulheres atuais que não são capazes de parir, que é o mais natural da vida da mulher?
Uma coisa que nos falta hoje principalmente quando engravidamos é informação, é querer pesquisar, mais nós nos preocupamos com o supérfluo da gravidez, como planejar chá de bebê, fazer lembrancinha, arrumar o quarto e nos esquecemos do principal, às vezes passamos a gravidez inteira se preocupando com o corpo, em ter uma alimentação saudável, em fazer exercícios e quando chega a grande hora em que precisaríamos zelar pelo nosso corpo resolvemos mutilar por qualquer minhoca que nos dizem pelo simples fato da falta de informação.
Daí você pode me dizer mais a cesárea é muito mais segura, e eu te respondo não, não é, nem para o bebê nem para a mãe, se você for pesquisar você irá perceber que o índice de mortandade de mulheres se dá muito mais em parto cesárea do que no natural, enquanto também o índice de bebês que vão para UTI em partos cesáreas é muito maior devido a dificuldade para respirar pois aumenta a chance da retirada do bebê ainda imaturo, antes da hora, só no Brasil que existe essa chuva de cesáreas, porque os médicos não querem esperar, eles querem ganhar para fazer algo que o nosso corpo faz sozinho e nós abdicamos apenas por medo do desconhecido, sem ao menos tentarmos, sem ao menos experimentarmos esse desconhecido.
Eu preciso te dizer que o trabalho de parto é sagrado, é algo que só nós mulheres que vivenciamos podemos explicar, é algo que Deus nos deu para participarmos do seu plano salvífico, no documento Mulieris Dignitatem diz assim « A mulher, quando vai dar à luz, está em tristeza, por ter chegado a sua hora. Mas depois de ter dado à luz o menino, já não se lembra da aflição por causa da alegria de ter nascido um homem no mundo » (Jo 16, 21). As palavras de Cristo referem-se, na sua primeira parte, às « dores do parto » que pertencem a herança do pecado original; ao mesmo tempo, porém, indicam a ligação da maternidade da mulher com o mistério pascal. Neste mistério, de fato, está incluída também a dor da Mãe aos pés da Cruz — da Mãe que mediante a fé participa no mistério desconcertante do « despojamento » do próprio Filho. « isso é lindo e perfeito, o trabalho de parto nos liga ao mistério pascal, onde nós mulheres mãe, morremos para nós, para darmos a vida nos despojamos de nós mesmas em favor do outro, e depois ao nos depararmos com o nosso fruto entramos na ressurreição, não nos importa o sofrimento vivido, só nos importa a alegria de termos em nossos braços aquele a quem iremos chamar de filho.
Não sou contra a cesárea necessária, ela é de suma importância para salvar vida tanto da mãe como a do bebê, mais nós precisamos nos reencontrar, precisamos encontrar o Cristo na nossa feminilidade, no nosso ser mulher, e encontrar o Cristo significa pegar a nossa cruz e segui-lo para ser crucificado com Ele e com Ele também ressuscitar, se você é mulher acredite seu corpo é perfeito e é preparado para parir, não importa o tamanho, o peso, seu corpo é sábio, ele foi desenhado pelo Criador, ele é capaz, você é capaz é preciso ter coragem, é preciso nadar contra a corrente, é preciso confiar em Deus, que Deus nos ajude a sermos persistentes, mesmo na dor a confiarmos no Criador.
Deus a abençoe.
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