Ser Mãe, direito, desejo ou dever?
- Jaqueline
- 22 de jul. de 2016
- 4 min de leitura
Como já falei outras vezes, ser mãe não era algo que eu sonhava ou almejava para minha vida, claro, sabia que um dia mais cedo ou mais tarde ia acontecer, mais porque enxergava isso como o curso da vida, preciso ser mãe para ter uma família, alguém pra conversar, para quando envelhecer, não porque queria, ou desejava, e depois que casei, via como uma conseqüência “natural” do casamento se casou é pra ter filhos (hoje infelizmente muitos casais não pensam assim). Porém o ser mãe para mim causava uma grande estranheza, primeiro ponto eu tinha aversão a mulheres grávidas, era aversão mesmo, não chegava nem perto da barriga, (desculpe a expressão, mais era assim mesmo que eu pensava, e os que me conhecem podem comprovar isso) achava tudo aquilo horroroso, quando a barriga começava a crescer, o umbigo apontava, o bebê chutava, ai meu Deus do Céu que aflição, por mais próxima que era da pessoa, assim que ela ficava grávida eu me afastava, e quando o neném nascia então, era pior ainda, nunca ia visitar um neném antes do seu um mês de vida e quando eu ia todos os meus familiares ficavam de olho em mim, pois eles diziam que eu fazia uma expressão horrível, eu não posso dizer se é verdade ou não, pois nunca vi essa tal expressão rsrsr, tanto que algumas primas minhas me diziam _quando meu filho nascer nem precisa vir visitar se for pra fazer essa cara, então eu não ia, eu não conseguia ver beleza nos recém nascidos, e não conseguia disfarçar isso, e pra mãe convenhamos todos os filhos são lindos (mesmo que não sejam) mais eu não conseguia concordar com isso e quando me perguntavam, ele(a) não é lindo, vixiiiiii, não conseguia disfarçar e aí vinha a tal cara.
A primeira criança que vi logo que nasceu (que foi o começo da minha cura) foi minha sobrinha e afilhada Giovanna, tive a graça por obra de Deus de estar presente no trabalho de parto e assistir ela nasce (depois relato mais quando falar sobre doula), gente do céu, assim que ela nasceu eu olhei pra minha irmã e falei_ é a criança mais feia que já vi, mais eu já a amo tanto, claro que depois ela ficou linda, mais quando nasceu, toda amassadinha, inchada, mais impossível olhar aquele pequeno ser e não amar, e aí tudo começou a mudar.
Aqui na comunidade meu esposo e eu fomos os primeiros dos casais de namorados da nossa época a nos casar, porém nós fomos os últimos a engravidar, eu não tinha jeito nenhum com criança, todos os nossos amigos tendo filho, e os papos eram só sobre criança, e uma grávida aqui, outra ali, e me perguntavam e você não tem vontade de ter filhos e eu dizia, não. Deus precisou trabalhar muito em mim para que eu pudesse engravidar, um dos meus medos além da barriga e dos nenéns rsrsr era do corpo, (pensamento bem feminista) vou deformar o meu corpo só para ter um filho, outro era que depois de mais de 5 anos de casado você já esta acostumada com a sua rotina, arrumação da casa, poder fazer o que quer e quando quer, viajar tranqüila, dormir até tarde, priorizar o meu trabalho, pois tinha um plano de carreira e não queria abrir mão, e tantas outras coisas que quando se é mãe se abre mão.
Quando comecei a fazer o Mob, me veio o desejo de ser mãe, mais ainda não desejava engravidar, tanto que fomos atrás de adoção, pronto, estava resolvido, tenho medo de barriga, grávidas e nenéns, adotamos então uma criança de uns 2 anos, já não usa fralda( obs: só fui trocar um fralda depois que minha filha nasceu rsrs, antes jamais havia trocado) já ta grandinho, e esta tudo certo, só que não é nada fácil adotar uma criança, foi uma burocracia danada pra podermos conseguir fazer um curso que precisa fazer antes de entrar na fila de adoção, e nesse meio tempo comecei me abrir para poder e querer gerar, e então Deus nos abençoou, e tudo começou.
Fiz o teste de gravidez no dia 18/04/2014 sexta feira Santa antes de irmos para a adoração, e ali me senti mãe pela primeira vez, claro que meus medos vieram a tona, medo de me achar horrível durante a gravidez, de não gostar da criança, do meu esposo me achar feia, e tantos outros medos, mais me senti ao contrário, amei estar grávida, amei ver a barriga crescer, sentir os chutinhos então, que sensação mais esplêndida, toda a minha gravidez foi um processo de cura e aceitação, principalmente daquilo que eu sou, da minha missão como mulher, do meu corpo, e quando ela nasceu, confesso que não a achei a bebê mais lindo do mundo, mais o amor que senti não posso explicar, e conforme os dias foram passando, descobri dentro de mim um dom todo maternal que não sabia que existia, me descobri mãe.

Hoje sou meio titia babona com todas as crianças rsrsr é até estranho, fico fazendo aqueles sons bobinhos quando pego uma no colo (sempre achei isso uma tontice), até consigo achar elas bonitinhas, adoro mulher grávida rsrsr, passo um monte a mão na barriga, o umbigo me dá aflição ainda rsrsrs.
Ser mãe tem sido minha missão mais edificante, com a maternidade descobri o que realmente é ser mulher e o que Deus nos convida a ser para a humanidade, ser mãe me leva todos os dias a enfrentar a mim mesmo e ultrapassar barreiras que antes eu achava não ser possível, ser mãe me aproxima mais do amor de Deus, ser mãe é o melhor presente que Deus me deu.
Ser mãe não é direito das mulheres, não deve ser apenas um desejo e jamais um dever, ser mãe é muito mais do que possamos descrever, a exemplo de Maria a mais perfeita Mãe, podemos perceber que ser mãe é um dom que Deus nos dá, é uma graça a nós revelada, dom que pode nos transformar, que muda o nosso jeito de pensar, de agir, que mudo o que nós achamos ser.
Rezemos Juntas, Senhor meu Deus, que sabes o que é melhor para mim, ajuda-me no dia de hoje a ser um dom sincero de mim mesma, que eu consiga ser aquilo que sonhas pra mim, cure os meus medos, os meus traumas pela a intercessão de vossa Mãe amém.
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